Certa vez, algumas vidas atrás, chegou a vila uma caravana de ciganas, em carros puxados por bois algumas se escondia dentro da carroça, outras altivas como rainhas vinham a frente montadas em cavalos, exalando no ar um perfume forte e barato, e exibindo uma falsa pose de realeza. Eram todas mulheres, nenhum homem acompanhava a comitiva. Nem poderiam, o que estas mulheres faziam entre si deveria ficar longe dos olhos dos homens comuns, apenas os mais abastado tinham o direto de desfrutar desses segredos, mas apenas destes, porque outros eram velados a todos. Essas mulheres, "nômades", viajavam de cidade em cidade para devorar os homens. As melhores só se deitavam com os homens mais poderosos, as mais velhas, doentes ou com menor critério, se deitavam com qualquer um, até os mendigos e moribundos sorriam felizes na presença das damas da noite. As mulheres da vila, as mulheres "direitas", passavam a semana chorando quando a caravana das mulheres do mundo ali estava, não havia um só homem, por mais certo ou religioso que fosse que escapasse das pernas e seios daquelas mulheres, principalmente porque todos eles esperavam ansiosos o retorna de suas ciganas, tão cheias de promessas e encantos, e o mais incrível era após o coito, molhadas e lambuzadas, escultar elas dizerem que eram mulheres de um homem só, só daquele, e que esperariam fieis e invioláveis até o dia não definido da próxima visita a aldeia. E elas pareciam tão verdadeiras nessas afirmação porque a repetiam todas as noites em todas as cidades que passavam, para todos os homens que comiam.
Eu morei em uma das vilas, uma cidadela do interior, e vi por vezes essas ciganas de perto, me deleitei com varias, poucas vezes com as soberbas e esbeltas que viam de cavalo, empinadas guiando o cortejo das concubinas, pois estas pertenciam a homens certos, mas as ciganas vira-latas, estes eu muitas vezes tive de pernas abertas sobre mim, e por elas também fui iludido de amor perpetuo, ha! como fui, até o dia que em viajem a uma aldeia vizinha, assisti em praça publica as mesmas mulheres que amei em ação, algumas montadas sobre homens gordos e feios, outras de quatro, sendo cavalgadas pelos filhos dos senhores de terra, e estes, estes trepavam como animais, e após ejacularem nelas, as escarravam, e elas... elas sorriam como se não houvesse nada melhor no mundo. Admito que me enojei quando vi uma das que amei com um dos homens dentro da boca, mas admito, me exitei com a cena, assim chocado voltei para minha terra casa. Tempos depois quando as mesmas voltaram para minha vila, passei a olha-las com outro olhar, eram feitas para me dar prazer e nada além disso, apesar de feiticeiras não tinham mais sobre mim poder algum, ao menos não até tirarem a roupa e mantarem sobre mim. Até um dia especifico onde tudo mudou.
Nas idas e vindas do cortejo de concubinas, havia uma que dentre todas se destaca na multidão, pele brancas seios fartos, uma bunda, para mim, deliciosa, mas muito, muito nova, não aparentava mais de catorze anos de idade, ainda naquele tempo, a tempos atrás, eu me deitei com ela, tão nova, inexperiente, mas com um olhar marcante e misterioso, olhar para aqueles olhos era como olha para mil vidas passadas de uma vez, e estes olhos me cativaram como nunca antes. Eu particularmente gostava de estar com ela, poucas vezes copulamos naquele tempo, mas conversamos muitas vezes, eu lhe disse que ela nada tinha a esconder pois eu sabia da verdade da natureza daquelas mulheres, e ela apaixonada pela ideia de um ouvinte me revelou todos os segredos das ciganas, feiticeiras da noite, dançarinas do amor. Ha! quantas historias ouvi daqueles lábios de ninfeta, e assim, com o passar do tempo nos tornamos amigos, ao longo dos anos, confidentes, a a cada confidencia ela se tornava mais mulher. Não tardou muito ela se tornou umas das ciganas de "elite", agora empinada encima de um cavalo negro, era ela a escolhida a cavalgar sobre os mesmos senhores de terra que vi em outras aldeias, e também seus filhos que pouco valor tinham moral tinham, mas eram pintados a ouro. Ela por sua vez, se gabava dos mimos que recebia de seus homens, um em cada cidade, em algumas mais de um, na minha aldeia ela era noiva de um garoto jovem, de status na comunidade e de muitos amigos, ele durante as noites em que ela estava aqui, desfilava com ela como que exibe um troféu, e eu, rindo de longe do que julgava ser a miséria do outro, aguardava até que ela viesse me visitar de noite para contar o quanto não suportava as palavras de seu dito "senhor" nesta cidade, e eu ria ao ouvir as historias que ela contava de como escapava de um ou outro quando mais de um de seus homens visitava a mesma cidade. "As ciganas tem os seus meios de enfeitiçar um homem sabe" dizia ela. Claro que comigo, aquele feitiço não fazia efeito, apesar de uma mulher bonita e tentadora, de fala mansa e sedutora, eu sabia a verdade sobre ela, a conhecia como nenhum outro homem a conhecera, e sabia ao olhar na queles olhos de mil vidas, quando ela falava a verdade, ou quando mentia. Acho eu, que devia ser muito frustante, após ter possuído muito mais homens em menos de vinte anos do que eu aos trinta, tem dentre todos, um cujo o qual ela não conseguisse esconder algo, e talvez por essa diferença entre todos os outros, ela um dia me olhou, com olhos sinceros e me desejou, e eu da mesmo forma, a consumi. Nos amamos como loucos por poucos dias, uma paixão latente, trepamos quase todos os dias, fizemos amor pele na pele, corpo no corpo, num insano momento de prazer, desejei fazer um filho nela, e ela me prometeu mudar de vida, disse que largaria a caravana das mulheres ciganas, e trabalharia ao meu lado como uma mulher bem amada, de um homem só, nesse momento eu me apaixonei, ao ponto de achar irrelevante as dezenas de homens com que ela já havia dormido, afinal, oque mais valia além de um amor sincero?... Vi de perto a menina que virou mulher, conheci todos os seus truques e ha vi brincar com todo homem que usou, como um gato brinca com um rato, exceto comigo. Achei aquilo de um carinho sem igual, puritano. Eu casaria com ela na quele momento. Eis então, que como cigana, ela do nada se foi, disse que ia mas voltava logo, e desta vez o logo se tornou mais de um mês, e quando chegou, pouco falou sobre onde esteve, mas jurou não ter se deitado com ninguém, eu acreditei, porque não acreditaria afinal, eramos apaixonados, tínhamos a sorte que muitos poucos tinham, uma cumplicidade e sinceridade que ninguém mais tinha, mas, certo dia, o espirito da duvida veio me perturbar e gritou tão alto em meus ouvidos que eu não tive escolha a não ser ouvi-lo, depois de varias noites sendo delicadamente rejeitado pela minha cigana, a perguntei sem medo, deixando claro que aquela seria a unica vez que perguntaria: "Você alguma vez usou o seu feitiço em mim.?" ela exitou um segundo e respondeu: "Eu? Não. Claro que não. Que ideia!" Eu não vi os seus olhos, nem precisava, pois naquele momento eu senti na pele o poder do encanto dela, feiticeira da noite, tão poderosa como todas as outras da sua raça. Eu, fiz que sim, e acreditei, uma vez cigana, sempre do mundo, talvez o verdadeiro poder dela fosse me fazer pensar que eu nunca soube da verdade, ou talvez, quem sabe, fosse justamente outro, saber que nada nunca me escapou, e que ainda assim, ela era a cigana que eu escolhi desde pequena. A verdade tanto faz, não juro mais amor, juro apenas que adoro me perder entre elas, e que não há nada como me deitar sobre a minha cigana. Mesmo sabendo que no calar da noite futura, ela estará na cama de outros.